O herbicida
Glifosato, agrotóxico com maior volume de vendas no Brasil, não vai ser banido
do mercado nacional até 2019. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
firmou essa data como meta para concluir a análise toxicológica do produto.
Depois disso, ainda ouvirá a sociedade sobre proibir ou manter o defensivo em
uso no país. A reavaliação se arrasta desde 2008 no órgão e causa grande
apreensão e incerteza no setor produtivo agrícola. Será um processo de mais de
uma década e que pode se arrastar por mais tempo ainda. Estudos contratados não
comprovam a nocividade à saúde humana, mesmo assim a indefinição continua.
A Anvisa publicou
recentemente no site um material para esclarecer a demora para tomada de decisão
sobre o Glifosato. Segundo o órgão, há divergência de opinião entre autoridades
técnicas no mundo (o que exige cuidado redobrado ao lidar com o tema) e cita os
casos da Europa e dos Estados Unidos, que também mantêm cautela e constante análise
do produto. “Mesmo que se conclua que ele não é carcinogênico e que não possui qualquer
impeditivo de registro segundo a legislação brasileira, é importante avaliar a
necessidade de medidas de restrição de uso com base em outros aspectos toxicológicos
além da carcinogenicidade. É importante registrar que não só no Brasil, mas em
todo o mundo, as reavaliações de ingredientes ativos são complexas e, por isso,
demandam bastante tempo”, diz o informe do presidente da agência e relator da
reavaliação, Jarbas Barbosa.
Desde 2008, a Anvisa
contratou diversos estudos para investigar os aspectos toxicológicos do
Glifosato. Em 2013, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) concluiu que a manipulação
do produto não é capaz de causar câncer nos seres humanos e não indicou a
proibição do uso dele no país. Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa
sobre o Câncer (IARC) afirmou o contrário, que o produto seria nocivo, mas a
Autoridade Europeia para Segurança dos Alimentos (EFSA) revisou a análise e
manteve posição de que não há evidência suficiente para classificar o defensivo
como carcinogênico.
A Anvisa ainda
realizou um painel técnico em 2015 e, posteriormente, contratou uma
especialista para estudar mais uma vez o assunto. O parecer técnico resultante
foi encaminhado à Anvisa em julho de 2016 e também colocou o Glifosato como não
carcinogênico.
Além disso, existem outros três pareceres técnicos do próprio órgão sobre esse ingrediente, o mais recente de junho deste ano. Nenhum deles sugere a proibição. Mas os estudos continuam. E apreensão dos produtores brasileiros também.