O mercado da soja
registrou um dia de intensa volatilidade na Bolsa de Chicago. As cotações
testaram, durante todo o dia, os dois lados da tabela, chegaram a marcar perdas
de dois dígitos, e encerram o pregão desta quinta-feira (27) com oscilações
bastante tímidas. Sobrevendido, o mercado chegou até mesmo a operar com algumas
altas no fim do pregão.
Segue a aversão ao
risco intensa entre as commodities e com as agrícolas não é diferente. As
notícias sobre o coronavírus continuam alimetando o movimento e, nesta quinta,
a OMS (Organização Mundial da Saúde) mais uma vez se manifestou dizendo que o
surto já carrega um potencial de pandemia.
Dessa forma, as
baixas foram, novamente, muito intensas entre alguns ativos como o petróleo,
que caiu mais de 3% nesta quinta-feira, ou o algodão, na Bolsa de Nova York,
que desabou mais de 4%. O milho e o trigo na Bolsa de Chicago terminaram o dia
com perdas de mais de 1% entre os principais contratos.
Os preços do
petróleo recuaram pela quinta sessão consecutiva e chegaram aos seus menores
níveis desde janeiro do ano passado, segundo informou a Reuters Internacional.
O WTi foi a US$ 47,12 por barril em Nova York, enquanto o Brent tem pouco mais
de US$ 51,00 em Londres.
"O petróleo
está em queda livre, uma vez que a magnitude dos esforços globais de quarentena
pode comprometer severamente a demanda nos próximos dois trimestres",
disse Edward Moya, analista de mercado da OANDA em Nova York à agência.
Segundo explicam
especialistas, o mercado segue lidando com o desconhecido, por isso o
sentimento de proteção é tão intenso e crescente. Os índices acionários
recuaram por todo o globo e marcaram suas mínimas em quatro meses diante dos
temores de que o agravamento da crise leve a uma recessão econômica mundial e a
uma redução da produtividade global em todos os setores.
O surto do
coronavírus, de quarta para quinta-feira, se desenvolveu mais rapidamente pelo
mundo do que dentro da China, onde tudo começou. E esse foi mais um fator de
preocupação entre os traders e investidores nos principais mercados
financeiros.
"A economia
global está a caminho do ano mais fraco desde a crise financeira, pois o vírus
prejudica a demanda na China e demais países, acredita o Bank of America. O
Goldman Sachs reduziu suas perspectivas para o crescimento do lucro das
empresas americanas para zero. A Alemanha está examinando possíveis medidas de
estímulo para conter o impacto econômico. A Arábia Saudita interrompeu as
visitas religiosas que atraem milhões", resumiu a agência internacional
Bloomberg.
A agência ouviu o
estrategista sênior de mercado global do Wells Fargo Instituto de
Investimentos, Sameer Samana, que explicou que o movimento de perdas ainda não
chegou ao fim. "A forma como o mercado está caindo é realmente muito
rápida, mas ainda não dá para dizer que acabou. O processo de alcançar o 'fundo
do poço' tem várias etapas e podemos dizer que ainda estamos na primeira
etapa".
SOJA NA CONTRAMÃO
Na contramão de
todas as outras commodities, os preços da soja terminaram o dia subindo entre 1
e 6 pontos nos principais vencimentos, com o março valendo US$ 8,87, o maio US$
8,95 e o julho US$ 9,05 por bushel.
Segue a tentativa
do mercado de definir uma direção diante das notícias que continuam a chegar
sobre o surto de coronavírus. No entanto, para a oleaginosa, "a melhor
opção de alta continua sendo confirmações de novas compras de soja americana
pela China", como explicou o consultor de mercado Steve Cachia, da
Cerealpar e da AgroCulte.
Enquanto isso, o
apetite do mercado pelo risco segue bastante limitado e mantendo os
investidores afastados das commodities, ativos bastante inseguros para o
momento.
O que deu rápido
suporte às cotações da soja nesta semana foram as notícias de que o governo da
Argentina decidiu suspender, ao menos temporariamente, suas exportações da
oleaginosa.
Na Reuters
FMI deve reduzir projeção para crescimento global por coronavírus, diz
porta-voz
Por Andrea Shalal
WASHINGTON
(Reuters) - O coronavírus claramente terá um impacto no crescimento econômico
global e o Fundo Monetário Internacional provavelmente reduzirá sua previsão de
crescimento como resultado, disse nesta quinta-feira um porta-voz do FMI.
A diretora-gerente
do FMI, Kristalina Georgieva, sinalizou o rebaixamento esperado no sábado,
durante uma reunião de autoridades financeiras das 20 maiores economias do
mundo, em Riad. Em comunicado, ela disse que o surto de vírus provavelmente
reduzirá o crescimento econômico da China este ano para 5,6%, 0,4 ponto
percentual a menos em relação às perspectivas de janeiro, e reduzirá 0,1 ponto
percentual do crescimento global.
"É provável
que rebaixaremos nossas projeções de crescimento para o mundo", disse o
porta-voz do FMI Gerry Rice em um briefing regular. Ele acrescentou que não
tinha novos números além dos da declaração de Georgieva, mas disse que mais
detalhes surgirão à medida que o FMI se prepara para lançar um novo Panorama
Econômico Mundial em abril.
Os mercados
financeiros dos EUA foram afetados nesta quinta-feira pela rápida disseminação
do coronavírus fora da China, intensificando os temores sobre o impacto no
crescimento econômico e nos balanços das empresas.
"Claramente, o
vírus terá um impacto no crescimento. Depende muito da velocidade da
recuperação na China e em outros países, dos efeitos de transbordamento, dos
efeitos nas cadeias de suprimentos e da extensão em que outros países podem ser
significativamente afetados", disse Rice.
Ele disse que
espera uma decisão em breve sobre o impacto do coronavírus para as reuniões do
FMI e do Banco Mundial em abril, observando que uma série de opções está sendo
considerada. A Reuters informou na quarta-feira que autoridades estão
considerando reduzir as reuniões ou realizá-las por teleconferência.
Rice disse que o
FMI está em contato constante com autoridades da Organização Mundial da Saúde,
Banco Mundial, bancos regionais de desenvolvimento e outros sobre o impacto do
vírus.
O FMI disse que uma
ação coordenada ou sincronizada da comunidade internacional será útil se o
impacto piorar, mas Rice disse que esse ponto ainda não foi alcançado.
Fonte: Notícias Agrícolas