Colheita começa com
promessa de recorde, mas há indefinição em alguns Estados e tendência de
disputa acirrada no mercado internacional.
O cenário é atípico. No campo, as
lavouras de soja que já deveriam estar no ponto de colheita ainda estão verdes
– muitas delas, em Estados importantes, precisam de chuva para ter seu
potencial produtivo definido. Mesmo que o clima ajude e os resultados fiquem
dentro do esperado, uma coisa é certa: a soja brasileira vai chegar mais tarde
ao mercado neste ano.
Esse atraso, além de pressionar a
logística de escoamento da safra até os portos, tem um efeito direto na segunda
safra de milho. O cultivo do cereal neste ano ganha contornos dramáticos, pois
os produtores terão de acelerar as máquinas para colher a soja e conseguir
semear a maior parte do milho dentro da janela ideal.
O que for plantado a partir da
segunda quinzena de março correrá riscos de perdas se parar de chover em abril.
Os próximos meses prometem ser de alta volatilidade no mercado do grão e de
nervosismo para o setor de proteína animal – que depende de milho. As
projeções iniciais indicam aumento das importações do cereal para abastecer as
granjas. Já Mato Grosso deve direcionar o produto para exportação e para
as usinas de etanol.
No mercado internacional, dúvidas pairam no ar após
a assinatura da primeira fase do acordo entre Estados Unidos e China. As duas potências mundiais firmaram o compromisso de
intensificar o movimento de mercadorias já a partir de 2020, e um plano
agressivo de ampliação desse comércio está desenhado para os próximos
anos.
A lista de produtos inclui soja,
milho, carnes, sorgo, nozes, etanol e até DDG, um subproduto do milho. Ou seja,
quase tudo o que o Brasil produz e exporta para a China.
Mapa da safra